Sou professor da rede municipal de ensino em Belo Horizonte há quase 20 anos. Entra prefeito, e sai prefeito e a educação sofre mudanças conforme a cabeça do comandante de plantão. Iniciei minha carreira trabalhando num sistema de ensino tradicional, ou seja, para ser aprovado, o aluno deveria ter 60% de aproveitamento em todas as matérias. Dois ou três pontos abaixo disso, mesmo que apenas em uma disciplina, e o estudante corria risco de repetir toda a série. Alunos fazendo cada série em dois anos eram comuns. Tempos depois veio a Escola | Plural. Era proibido reprovar. Soubesse ou não o que estava sendo ensinado, participasse ou não das atividades, todo estudante estava pré-aprovado. A situação ficou tão surreal que o tema foi pauta, devido à pressão da população, da última eleição municipal em BH, e a Escola Plural deixou de existir. Hoje, trabalho com a educação de jovens e adultos. O projeto pedagógico de minha escola prevê que a avaliação, e a consequente aprovação dos alunos, será feita ao longo do ensino, observando os | avanços alcançados pelos estudantes. Nada de aprovações automáticas ou retenções desenfreadas. Alunos trabalhadores e com ampla bagagem de vida são, dessa forma, estimulados a prosseguir com os estudos, um fator primordial para a ascensão social. Parte da máquina burocrática da prefeitura de Belo Horizonte, no entanto, entende de outra forma. Ela exige que apenas deva ser aprovado o estudante que tirar "nota azul" em todas as provas. Devemos instituir novamente a exclusão escolar? |
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