O
ambiente acadêmico ainda considera a formação de professores para a
educação básica uma tarefa “menor” o que dificulta a melhoria da
qualificação desses profissionais para atuar em sala de aula. Este é o
diagnóstico de especialistas, pesquisadores e organizações da sociedade
civil reunidas no Congresso Internacional Educação: uma Agenda Urgente.
A formação de professores no Brasil foi tema de discussão em uma das
mesas de debates, e há um consenso de que é necessária a revisão dos
currículos dos cursos de pedagogia e de licenciaturas. Um dos
componente que deve ser fortalecido, na opinião dos debatedores, é o
prático. Para os especialistas, o estágio precisa ganhar maior
importância e deve ocorrer desde o início da formação do professor. Uma
das principais críticas é que a universidade não prepara o professor
para lidar com a realidade da sala de aula, que inclui problemas de
aprendizagem e um contexto social que influencia no processo.
“A formação inicial deve
estar visceralmente ligada à sala de aula. |
Ela
deve ocorrer em dois lugares: na universidade, onde eu penso, discuto e
estudo e naquele lugar que é objetivo maior do professor, a sala de
aula”, disse Gisela Wajskop, diretora-geral do Instituto
Singularidades. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Educação (CNTE), Roberto Franklin Leão, declarou que apesar do
estágio ser obrigatório para a obtenção do diploma, em muitas escolas
de formação ele não passa de uma “formalidade”. “O estágio é
fundamental para conectar o que o aluno aprende na universidade e o
mundo real. Ele precisa sair sabendo como são as escolas, quais são as
dificuldades concretas que ele vai encontrar e quem é esse jovem que
ele vai ensinar e que ele só estuda na psicologia. Mas o estágio
precisa ser bem feito, orientado e cobrado”, ressaltou.
Uma das propostas
apresentadas para melhorar a formação, é instituir nas licenciaturas e
cursos de pedagogia uma espécie de residência, semelhante a que ocorre
nos cursos de medicina e que é obrigatória para o exercício
profissional. Leão aponta, |
entretanto,
que a formação do professor não é a única variável que determina a
qualidade do ensino. “A universidade que forma o professor da escola
pública é o mesmo que forma o da particular. Mas, a segunda tem
resultados melhores nas avaliações”, disse. Membro do Conselho Nacional
de Educação (CNE) e do movimento Todos pela Educação, Mozart Neves
Ramos defende a criação de centros ou institutos de formação nas
universidades que sejam separados dos departamentos que hoje oferecem
as licenciaturas. “O professor da universidade que está preocupado em
dar aula na escola de educação básica é visto no seu departamento como
inferior porque não está preocupado em publicar artigos nas revistas de
ponta”, declarou. A desvalorização da carreira e dos cursos de formação
têm levado ao fechamento das licenciaturas, conforme observou o
vice-presidente da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias
(Abruc), Marcelo Lourenço. “Nós estamos pedindo socorro porque os
cursos estão fechando por falta de procura”. |
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