12/12/2012
Mercado de aulas particulares transforma professores em celebridades na Ásia
10/12/2012
Escola no interior do Piauí desbanca 5 mil instituições do País
Escola no interior do Piauí desbanca 5 mil instituições do País
DAVI LIRA - O ESTADO DE SÃO PAULO - 08/12/2012 - SÃO PAULO, SP
Hoje ele considera que saiu da lama. Filho de agricultores sem renda fixa, praticamente semianalfabetos e moradores da zona rural de Cocal dos Alves – um dos municípios mais pobres do interior do Piauí, a 260 km de Teresina –, Vitaliano Amaral, de 29 anos, nadou contra a corrente das adversidades. O trabalho árduo na roça e o antigo sonho de ser vigia deu lugar à carreira de pesquisador no mestrado em Matemática da Universidade Federal do Piauí.
Mas essa guinada não teria ocorrido se ele não tivesse concluído os estudos na Escola Estadual Augustinho Brandão. Única do município, é considerada a instituição de maior performance no ensino médio no País – ela coloca alunos com grande defasagem educacional no mesmo patamar daqueles que têm melhores condições de aprendizagem por pertencerem a famílias com condições financeiras e culturais privilegiadas.
Entre as escolas que atendem só alunos mais pobres, com renda familiar de até 1 salário mínimo, a Augustinho Brandão foi a que teve o melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011. Sua média, superior à nacional, desbancou mais de 5 mil instituições públicas e privadas. O número representa 55% do total das escolas que tiveram o resultado no exame divulgado pelo Ministério da Educação, em novembro. O desempenho da Augustinho Brandão ultrapassou o de 32 escolas do País que têm os alunos mais ricos (renda familiar de mais de 12 salários mínimos).
No ranking nacional, com 10.076 escolas (com alunos de todos os níveis socioeconômicos), ela fica na posição 4.260. No Estado, é a melhor instituição pública estadual e, considerando as 198 do Piauí, é a 56.ª mais bem classificada.
Para chegar a esses dados, o Estado solicitou à Meritt Informação Educacional o cruzamento das informações do MEC com um estudo feito recentemente pelos pesquisadores Maria Teresa Gonzaga Alves e José Francisco Soares, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Eles traçaram o perfil socioeconômico dos alunos das escolas brasileiras.
"Só a gente acreditava no nosso trabalho", conta a diretora e supervisora da Augustinho, Kuerly Brito, de 34 anos. "Com a grande aprovação nos vestibulares, temos ex-estudantes que hoje são psicólogos, fisioterapeutas e professores. Temos dois alunos cursando pós-graduação em Teresina e Fortaleza."
Para Soares, da UFMG, Cocal dos Alves é "um exemplo de que, mesmo sendo forte, o determinismo social pode ser vencido". "É o efeito da escola – e não da família – que gera esse resultado excepcional. É o oposto do que acontece, por exemplo, numa escola de elite em São Paulo", diz.
Criada em 2003, a escola ganhou em 2011 uma nova sede, com instalações modernas. A mudança transformou a Augustinho Brandão na construção mais bonita da cidade, frequentada por alunos em todos os turnos.
E se a estrutura ajuda, a gestão contribui ainda mais. Os resultados estão fazendo com que o modelo seja referência. "Estamos desenvolvendo um projeto para que o modelo de gestão seja seguido por unidades de ensino de dez municípios", diz o secretário estadual de Educação, Átila Freitas Lira.
Desafios
Por trás da fama da escola – que tem 10 professores, 1 coordenador e 1 diretora para 135 alunos – está um árduo trabalho. "Primeiro fizemos, trouxemos resultados. Depois, pressionamos a secretaria para que a infraestrutura melhorasse", afirma a professora de português, Aurilene Brito. Ela destaca, porém, que a improvisação das instalações antes da reforma nunca impediu o trabalho dos professores. "No início, tínhamos apenas duas salas de aula e um pátio minúsculo. Usávamos a cantina para ter outro lugar para dar aula."
Mesmo com as melhorias, os alunos comem em pé, pois não há refeitório. Também faltam quadra de esportes e laboratório de ciências. Mas o principal problema é a instabilidade da energia. O fornecimento, que nunca foi regular, piorou desde junho. Quedas de energia chegam a ocorrer até três vezes em um minuto. A moderna sala de informática não é usada para evitar a queima dos equipamentos.
Segundo a secretaria, em janeiro será construída uma subestação de energia para atender a escola. Sobre a ausência de quadra, laboratório e refeitório, a secretaria informou que serão construídos até junho de 2013.
03/12/2012
ENSINO DE MATEMÁTICA, FÍSICA E QUÍMICA
Intel alerta para falta de talentos
ANGELA CHAGAS - TERRA EDUCAÇÃO - 29/11/2012 - SÃO PAULO, SP
Uma das causas da dificuldade em se encontrar talentos para trabalhar com a tecnologia no Brasil está no modelo de ensino adotado no País. Essa é a visão da diretora de responsabilidade social da Intel para a América Latina, Rosângela Melatto, que participou nesta quinta-feira de uma conferência sobre os desafios da educação, em Porto Alegre (RS). Segundo ela, as escolas só ensinam para passar no vestibular.
`As carreiras técnicas vão exigir, dentro das competências do ensino fundamental e médio, muito conhecimento de matemática, física e química, justamente as matérias que estão cada vez mais esquecidas pelo ensino público e até mesmo pelo privado. Hoje se aprende apenas o suficiente para passar de ano, para ser aprovado no vestibular, mas não se aprende para se apaixonar. O professor não ensina com experimentos, apenas decorando fórmulas, e tudo isso é muito chato`, disse a executiva em entrevista ao Terra.
Rosângela defende a capacitação dos educadores para lidar com as novas tecnologias como uma forma de deixar as aulas mais atrativas. `Com essa juventude do século 21 olhando para coisas que são mais experimentais, o que acontece quando você vai lá ensinar matemática física e química do jeito tradicional? Ninguém se interessa. Os professores precisam usar uma metodologia de ensino que seja mais atraente, e isso passa pelas tecnologias`, defende.
Para a executiva, quem faz a `mágica` do aprendizado é o professor, e não a tecnologia. Mas para isso ela argumenta que o educador precisa saber lidar com as novas tecnologias. `O aluno `dá um Google` e aparecem várias respostas. Aí entra o professor para mostrar quais são as corretas. Esse professor vai estar mais preparado para ensinar de forma divertida`.
Ela ainda falou sobre a dificuldade enfrentada pela Intel para encontrar profissionais capacitados no Brasil, principalmente entre as mulheres. `Muitas famílias quando têm a oportunidade de educar alguém, mandar para a universidade, escolhem o filho homem. A mulher nesse aspecto ainda é preterida da própria educação. Criou-se também um tabu que mulher não é boa para a carreira da tecnologia, não é boa para a matemática. Mulher pode ser professora, pedagoga, mas não uma engenheira`, afirma.
A executiva, formada em engenharia química, disse que mudar esse preconceito com as mulheres requer uma ação coletiva, que envolva as empresas, os governos e principalmente as escolas. `Na escola acho que o importante é não preterir as meninas de estarem gostando de matemática, por exemplo. É muito normal achar que menino deve gostar de matemática, mas menina não. Esses tabus precisam acabar`.
Rosângela Melatto palestrou nesta tarde para mais de 1 mil estudantes e professores reunidos no centro de eventos da Fiergs, em Porto Alegre, durante a segunda edição do TEDx Unisinos, uma conferência promovida pela Universidade do Vale do Sinos (Unisinos) para discutir ideias para melhorar a educação.