Em 1957, bem lembrou Barack Obama, os que eram vivos então viveram o momento Sputnik. Auge da Guerra Fria, espionagem à toda, de ambos os lados, e eis que - surprise! Poucos dias depois da inauguração da 12ª Sessão da Assembléia geral da ONU, em 1957, o edifício das Nações Unidas foi palco de um momento memorável que hoje, Barack Obama -que na época nem era consciente ou vivo- trouxe de volta a nossa consciência com o nome de momento Sputnik. Ao lado da sala da Assembléia Geral havia uma sala de tapete verde, onde se tomava café e refrescos. Sentava-se na sala da Assembléia; ali na sala verde ficava-se em pé. Burburinho geral, como costuma ser nas salas de café. De repente, fez-se um silêncio absoluto. Ninguém podia "dizer", mas no boca a boca correu a notícia: "o Sputnik subiu". O silêncio era por conta de que era preciso recorrer às chancelarias para que elas informassem o que devia ser | dito ou não. Naquela sala, naquele momento, eu aprendi o que era "poker face". Andrei Gromyko estava a poucos centímetros de mim. E se alguém sabia o porque do silêncio, era ele. Eu diria até que ele estava ali para gozar a vitória, simbolizada pelo silêncio. Ele era o vencedor. Rapidamente, todo mundo saiu da sala, foi para seus escritórios e o resto eu não sei porque não vi. (Eu era jornalista na época.) Aí vem a lição que Obama aprendeu. A partir do dia seguinte, durante um ano, os jornais americanos inundaram suas páginas com artigos sobre educação. O lema uníssono era: temos que ensinar ciências. Chega de "liberal arts", que corresponderiam aos nossos cursos atuais de comunicação(?). E os pedagogos escreviam, opinavam, porque tínhamos que tornar o Ocidente apto a vencer a próxima etapa. E Obama disse nesta semana: "Meio século atrás, quando os soviéticos nos derrotaram na corrida espacial ao | lançar o satélite chamado Sputnik, nós não tínhamos idéia de como nos superaríamos para chegar à Lua. Após investirmos em mais pesquisa e educação, nós não apenas superamos os soviéticos, como também lançamos uma onda de inovação. Este é o momento Sputnik de nossa geração". Obama disse ainda que mandará um orçamento para o Congresso para alcançar esse objetivo. Agora, segundo ele, nós competimos com indianos e chineses, que passaram a educar suas crianças em matemática e ciência. E a história se repete. Os americanos não levaram vinte e quatro horas naquele outubro de 1957 para dar esse grito que Obama deu agora. Vivendo, sobrevivendo, eis-me aqui, em 2011, revendo a reação americana diante de dificuldades. Queria tanto que aqui fôssemos capazes de reagir tão prontamente nós também. Precisamos nos alfabetizar em letras e números, temos que ensinar a ler e a fazer contas. Vamos lá, pessoal! |
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