China investe US$ 1,7 bilhão anualmente em educação em ciência
FERNANDA MORENA - TERRA EDUCAÇÃO - 31/03/2013 - SÃO PAULO, SP
A China está destinando US$ 1,7 bilhão anuais para a educação em ciência. Esse montante, anunciado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, indica um acréscimo de 5,57% do aporte na área em relação a 2010. Metade do valor foi destinado à educação pública.
A medida faz parte do atual plano quinquenal chinês (conjunto de metas que nortearão o governo do país de 2011 a 2015) que prevê o investimento de US$ 1,6 trilhão no desenvolvimento das sete indústrias que se tornaram prioridades: energia alternativa; eficiência em energia; proteção ambiental; biotecnologia; TI avançada; desenvolvimento de veículos movidos com energia alternativa; e indústria de ponta (construção de máquinas).
Com o fim da indústria barata decretado pelo aumento dos salários e os encargos trabalhistas, a China deverá seguir um plano em conformidade a essa nova realidade. `A nossa nova liderança irá focar o desenvolvimento no impulso do desenvolvimento tecnológico`, afirmou Wang Qiang, diretor geral do Ministério de Ciência e Tecnologia da China durante evento sobre transferência tecnológica realizado na Universidade Tsinghua no início de março.
A Tsinghua é um dos grandes braços da intenção mandarim de um salto para a inovação científica. Com um orçamento de 4 bilhões de yuans anuais (cerca de R$ 1,27 bilhão) somado ao orçamento de 3 bilhões (R$ 959 milhões) do Tuspark, o parque tecnológico instalado no local, a universidade garante cerca de 10% do orçamento total destinado à inovação no país. E o plano de Pequim é que ela se torne a maior universidade mundial em 2020.
Com um sistema de ensino público sem ser gratuito (há anuidades pagas em todas as escolas que variam de 1000 yuans a dezenas de milhares em escolas internacionais), uma opção do governo tem sido investir em áreas alternativas que ofereçam espaços para futuros cientistas. A China tem hoje 1.681 salões públicos para atividades ligadas à ciência, que somam 500 quilômetros quadrados juntos (o equivalente a quase todo o território de Cingapura).
Para Wang Qiang, a educação de jovens cientistas é a base do desenvolvimento da indústria de ponta do país, que quer se afirmar como um desenvolvedor de soluções tecnológicas.
`Queremos que nossos filhos sejam engenheiros ou médicos. Algo que possa servir para ajudar o nosso país`, diz Li Penghua, de 35 anos, mãe de Sun Qiuqiu, de 11 anos. O menino está cursando o quinto ano do ensino fundamental na Escola Dongcheng Nº 2, na capital chinesa, e concorda com a mãe - em termos. `Seria legal ser médico, mas queria também ser astronauta`, revela.
Enquanto o Brasil procura a projeção de sua cadeia científica internacionalmente na fase já adulta, mandando pesquisadores ao exterior ou investindo R$ 155 milhões para atrair cientistas estrangeiros ao País, a China amplia seu setor de recursos humanos já na infância. Ainda que o sistema educacional chinês seja voltado para a preparação dos estudantes para a aprovação no gaokao (o exame feito nacionalmente para a graduação dos estudantes do ensino médio), o novo projeto científico chinês deverá prever a `criação de um gosto pela ciência desde o início da vida`.
Mesmo com a exorbitante carga horária enfrentada pelas crianças entre escola, tarefas de casa e aulas extracurriculares, ainda sobra tempo para aproveitar parques como o planetário. `Eu já fui com o meu pai várias vezes, mas mais nas férias, quando estou menos ocupado`, conta Sun.
Em 2010, a China foi a primeira no ranking mundial do Pisa, um teste que avalia a capacidade dos alunos do ensino médio em provas de leitura, matemática e ciência. A fama chinesa de um sistema de ensino rigoroso parece dar resultados: conforme o Instituto de Educação Internacional dos Estados Unidos, o país ultrapassou os tradicionais Canadá e Coreia do Sul em número de alunos enviados para as grandes universidades norte-americanas (MIT, Stanford, Yale, Harvard), com cerca de 100 mil jovens chineses matriculados.
Ainda que o país exporte centenas de milhares de jovens cientistas, a intenção do governo central é trazê-los de volta à China para liderarem pesquisas no setor de inovação. É o caso de Robin Li, o engenheiro e empresário que se tornou o homem mais rico da China em 2011 com o buscador de internet Baidu, criado por ele em 2000.
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